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Algo que não se Esquece

"O Amor conquistado As Batalhas vencidas A tristeza perdida

sábado, 20 de janeiro de 2018

Devias ter lido




Esta é a carta que eu nunca te escrevi. É a carta que nunca te enviei. É a carta que nunca vais ler, mas mesmo assim eu vou escrevê-la. Escrevo o que nunca te disse e o que nunca vais ouvir. Escrevo-te aquilo que está preso dentro de mim, aquilo que me sufoca, aquilo que preciso de libertar. Escrevo-te porque não tenho coragem de olhar-te nos olhos, a minha cobardia é grande demais para te enfrentar. Por isso, escrevo esta carta que nunca vai chegar às tuas mãos, que nunca vais receber e que nunca vais ler.Sabes, eu nunca te contei, mas eu também chorei sentado na minha cama a ver a tua imagem na minha mente. Sofro de insónias que me levam de volta no tempo, aquele tempo só nosso onde tudo parecia para sempre. Não és só tu que estás a sofrer, não é só na tua cara que as lágrimas escorrem, não é só na tua cabeça que o passado insiste em permanecer. Eu também estou aqui, estou deste lado a sentir o que estás a sentir. Tu és o desiludida e eu sou a desilusão em pessoa.

És a porta do meu passado que ainda continua aberta. És parte de mim que eu não consigo esquecer e a verdade é que há sempre algo para me fazer lembrar de ti. Por mais que queira, por mais que tente, tu não me sais da mente. Não sabes o quanto isso é doloroso e como é tentador querer voltar ao passado. Entrar nesse mundo que já não nos pertence, onde apenas permanecem os fantasmas da nossa memória.

Ainda revivo as lembranças na minha cabeça. Ainda penso em ti como sempre pensei e vendo as tuas fotografias os meus olhos inundam-se de lágrimas. Gotas cheias de saudade, que escorrem na minha cara. Eu sei que o que me resta é esquecer-te, não tenho outra opção. Mas a verdade é que eu queria que estivesses aqui comigo… Sinto falta dos teus braços entrelaçados no meu corpo, da tua mão fria a acariciar o meu rosto, da tua voz baixinha no meu ouvido.

Tantas vezes pensei em escrever-te, contar-te o que sinto, mas acabei por desistir, pois não me queres ouvir. Simplesmente não queres saber do meu arrependimento, não queres saber o que estou a sentir…

Caramba! Só eu sei as saudades que tenho tido tuas! A falta que me fazes é insuportável! Não ter o teu perdão é matar-me aos poucos, é uma morte lenta e dolorosa. Só eu sei as noites que passo acorda a chorar, porque as lembranças não me deixam adormecer. Só eu sei o quanto dói gostar de ti, o quanto me magoa não te ter aqui, o quanto está a ser difícil esquecer-te… Porém, isso tu nunca vais saber, pois esta é a carta que eu nunca te escrevi, carta que devias ter lido.

"Escrevo porque não sei falar do que vejo, não sei explicar o que oiço, não sei dramatizar o que sinto. Escrevo porque ainda tenho calafrios no coração, porque perdi a ilusão, escrevo porque desisti de falar o que a boca não consegue dizer. Escrevo porque nada me resta, escrevo porque me faz viver.."