Há palavras que podem acabar com uma amizade. Palavras que magoam, que afastam, que na paradoxal característica única da condição humana, não são de desagrado, mas aquelas em que com todo o sentimento, toda a entrega nos deixamos envolver pela emoção e dizer mais que aquilo que alguma vez queríamos, sonhámos, imaginámos.

E só o conforto de saber que a dor auto infligida pelo silêncio é menor do que aquela que as palavras podem causar, levam-nos continuamente a afastar as pessoas com as quais nos sentimos bem, com as quais gostamos de partilhar parte da nossa vida, para não termos que admitir que o que sentimos seria só suficiente para partilhar toda a nossa vida.

As palavras magoam-me tanto. Tenho a certeza que se me tivesses dado um estalo teria doído muito menos. Decidimos continuar juntos, ultrapassar uma altura menos boa como todos os casais têm, mas tu sabes que eu raramente me esqueço de alguma coisa... E ás vezes estás ao meu lado, de mão dada a mim, e continuo a ouvir a tua voz a ecoar na minha cabeça... Aquilo que me disseste, não esqueci ainda. Desculpa, estou a tentar. Prometi que ia tentar porque te amo realmente. Por isso mesmo que ás vezes eu me afaste de ti, mesmo que ás vezes eu esteja ali mas esteja longe, que não olhe para ti, que não fale... continua a fazer o mesmo. A manter a tua presença. A cantar-me ao ouvido. A dar-me a mão. A enconstar a cabeça no meu ombro para eu saber que estás ali, mesmo que por momentos eu não esteja.